Via Marco Alves
Toda história tem um começo e acho que um evento em 1996 pode ter sido minha primeira experiência relacionada a justiça.
Eu tinha 11 anos e era um garoto no Colégio Estadual Major Oscar Alvelos. E em um determinado dia os alunos foram convidados para um evento externo.
Fomos levados ao final do Parque Atheneu, na parte mais distante e pobre do bairro, que coincidentemente era onde eu morava. E num terreno baldio estava uma multidão de pessoas de terno e gravata.
Era uma espécie de lançamento de obra pública, que só fui entender anos depois. Naquela ocasião, o então Presidente do TJGO, Homero Sabino, estava dando os primeiros passos para a construção do Juizado Especial daquela região.
Nas palavras dele, era onde o cidadão poderia resolver pequenos conflitos, de camiseta e bermuda. Os anos se passaram e assimilei aquela experiência e o que ela significava.
Duas décadas depois fui aluno de Aldo Sabido, filho de Homero, que se tornou juiz e lecionava num curso de pós graduação.
Aldo foi um dos melhores juízes de Juizado Especial que conheci, com um talento peculiar - onde mesmo julgando contra meus interesses, convencia com sólidos argumentos que havia razão no seu modo de decidir.
Nunca cheguei a falar com o juiz Aldo sobre a experiência que tive com seu pai na inauguração do Juizado do Parque Atheneu, e nem com o desembargador Homero sobre as lições que tive com seu filho na pós graduação. E é provável que nenhum dos dois lembre de mim.
Mas essa situação toda deixa claro que podemos marcar a vida de pessoas sem nem saber disso.
Nunca cheguei a ver uma pessoa de bermuda no juizado. Acho que faz parte da vida a mudança de planos.
Em 1996 foi o ano em que conheci um presidente de Tribunal, vi juízes, desembargadores e jornalistas num evento da justiça e pode ter sido meu primeiro contato, no mundo real, com o direito.
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